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CRIANÇAS REASSENTADAS NO CENTRO “MÚELÈ 3” EM INHAMBANE, CLAMAM POR MATERIAL ESCOLAR

Inhambane

A Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) visitou o centro de trânsito “Múelè 3” localizado nos arredores da cidade de Inhambane. O centro acolhe um total de 287 pessoas correspondentes a 95 famílias, um número que tem sido actualizado diariamente pelas autoridades locais.

O centro transitório “Múelè 3” é a nova morada para 189 crianças que viram as suas casas submersas na sequência das inundações e cheias que afectaram os bairros de Aeroporto, Chalambe, Tchemane e Chienguene.

No centro, todas as crianças em idade escolar estão integradas em estabelecimentos de ensino próximos, nomeadamente, Escola Secundária Emília Daússe, SOS e Escola Primária de Múelè.

Apesar de já estarem a estudar, as crianças necessitam de kits escolares compostos por cadernos, lápis, compasso, borracha, livros, canetas, afiador e pasta de costas, uma vez que deixaram para trás todos os seus pertences, devido às inundações e cheias nas suas casas.

Emília Darita, tem 22 anos e vive no centro há sensivelmente uma semana, conta que vivia no bairro do Aeroporto antes de ser acolhida no centro de trânsito de “Múelè 3”.

“A minha casa ficou cheia de água. Até o quintal não escapou. A vida aqui difere daquela que levava na minha casa, mas não temos outra alternativa. Dormimos numa das salas com as nossas mães. Cada família aqui faz um esforço para adaptar-se”, disse.

Emília conta que neste momento gostaria de ter material escolar e um terreno nas zonas altas para os seus pais construírem uma casa.

Apesar do cenário em que vive actualmente, ela e mais 189 crianças continuam a ir à escola todos os dias úteis para realizarem os seus sonhos e contribuírem com o seu saber para o desenvolvimento do País.

Por seu turno, Ronaldo Cumbane, chefe do centro de acomodação “Múelè 3”, conta que a cada dia que passa, “mais famílias juntam-se ao centro. Por isso, sempre actualizamos o número pessoas. Por exemplo, neste momento somos 287, mas amanhã o número pode subir. Aqui temos comida para todos, mas precisamos de mais”, sublinhou Cumbane, tendo acrescentado que um dos grandes desejos dos reassentados é ter um espaço para construir uma casa.

Já Abdul Bomba do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), assegurou que o governo está a garantir assistência aos reassentados em todos os centros transitórios da província de Inhambane.

Bomba fez saber que o INGD e a edilidade de Inhambane estão a procura de terrenos num local seguro para atribuírem às famílias que viram as suas casas inundadas.

“Não há condições para regressarem as zonas de origem. O desafio neste momento é encontrar locais seguros, atribuir terrenos e construir casas para às famílias que estão no centro transitório. Estamos a trabalhar com o município para resolver este assunto”, assegurou.

O ciclone “Freddy” afectou 107.614 pessoas na província de Inhambane, correspondentes a 23.339 famílias. Os distritos mais críticos foram os de Mabote, Inhassoro, Massinga, Govuro e Vilanculos, este último que foi a porta de entrada do ciclone “Freddy” à 24 de Fevereiro.

Importa referir que no sector de Educação, na província de Inhambane, há registo de 331 escolas destruídas e 86.194 alunos afectados. Neste momento há necessidade de tendas, lonas, material escolar, kit para professores e quadros móveis.