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𝐑𝐀𝐏𝐀𝐑𝐈𝐆𝐀𝐒 𝐃𝐄 𝐌𝐔𝐑𝐑𝐔𝐏𝐔𝐋𝐀 𝐄 𝐍𝐀𝐂𝐀𝐑Ô𝐀 𝐁𝐄𝐍𝐄𝐅𝐈𝐂𝐈𝐀𝐌 𝐃𝐄 𝐈𝐍𝐒𝐔𝐌𝐎𝐒 𝐀𝐆𝐑Í𝐂𝐎𝐋𝐀𝐒 𝐏𝐀𝐑𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐄𝐍𝐕𝐎𝐋𝐕𝐄𝐑𝐄𝐌 𝐀𝐂𝐓𝐈𝐕𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄𝐒 𝐃𝐄 𝐆𝐄𝐑𝐀ÇÃ𝐎 𝐃𝐄 𝐑𝐄𝐍𝐃𝐀

Raparigas do Espaço Seguro EGC

Em Moçambique, nos últimos anos, eventos climáticos extremos, tais como ciclones, secas e chuvas irregulares, associados ao conflito armado de Cabo Delgado agravaram a situação de pobreza e levaram à perda de meios de subsistência, aumentado a vulnerabilidade, sobretudo, das mulheres e raparigas.

Nos distritos de Murrupula e Nacarôa, na província de Nampula, parte das raparigas dos Espaços Seguros estabelecidos pela Associação ActionAid Moçambique (AAMoz), no âmbito do projecto “Toda a Rapariga é Capaz”, contam que foram forçadas a uniões prematuras e gravidezes precoces devido à pobreza. O que fez com que, muitas raparigas abandonassem a escola e, apesar de ansiarem regressar, debatem-se com o desafio de falta de recursos para suprir as necessidades escolares.

A pobreza, que muitas vezes se traduz na falta de subsistência, tem um impacto directo na vida das raparigas, tornando-as mais susceptíveis à insegurança alimentar e à Violência Baseada no Género (VBG), e aumentando a sua dependência de parceiros masculinos, familiares e proprietários de terras, o que aumenta os riscos de VBG e desistência escolar.

É neste contexto que, com objectivo de promover actividades de geração de renda para o empoderamento da rapariga dos Espaços Seguros, a ActionAid procedeu a distribuição de insumos agrícolas (sementes, botas, catanas, enxadas e os seus respectivos paus) a nível das 39 comunidades de 6 Postos Administrativos, sendo: 3 em Murrupula (Chinga, Murrupula Sede e Nihissiue) e 3 em Nacarôa (Saua-Saua, Intenta e Nacarôa Sede).

Dirigindo-se as beneficiárias, a Directora de Finanças na ActionAid, Ana Branquinho, apelou a conservação e aplicação racional dos insumos.

“Esperamos que valorizem o apoio, usando os insumos recebidos na prática de agricultura como actividade de geração de renda para garantir a subsistência directa das raparigas”, apelou Ana Branquinho.

Já, a Coordenadora do Género, da World Vision-Moçambique (WV-Moç) para o projecto “Toda a Rapariga É Capaz – EGC” Graça Gonçalves, explicou que o apoio visa garantir retorno sustentável e retenção de raparigas na escola.

“Com este apoio, queremos que as raparigas tenham uma fonte de renda que permita custear as despesas escolar, como pagar matrícula, comprar material escolar e até meios de transporte com bicicletas para retornar escola e estando na escola, não desistam por falta de material ou por outros desafios”, avançou Graça Gonçalves.

Falando para a comunidade de Nihessiue Sede, uma das comunidades beneficiárias de insumos agrícolas no distrito de Murrupula, a Ponto Focal do Género na Educação, Marinela Martins, reforçou que “a iniciativa vai contribuir positivamente no retorno sustentável e na retenção de raparigas à escola, bem como na redução de riscos de Violência Baseada no Género contra a rapariga”.

Por outro lado, o Chefe de Repartição de Agricultura e Pesca do Serviço Distrital de Actividades Económicas (SDAE), Alberto Quiuanrene, garantiu que o governo irá dar assistência aos beneficiários, tendo apelado a criação de cooperativas para racionalização de esforço e melhor produtividade”.

A entrega de insumos acontece no âmbito do projecto “Toda a Rapariga é Capaz” um consórcio entre a Associação Actionaid Moçambique, World Vision-Moçambique e Rede Hopem, financiado pela Global Affairs Canadá, onde pretende-se alcançar cerca de 25.000 meninas e mulheres jovens de 10 a 24 anos nos distritos de Nacarôa e Murrupula.

Refira-se que, através desta iniciativa o consórcio pretende empoderar as raparigas, reduzindo a vulnerabilidade de forma que assumam o seu próprio futuro, através de criação de auto-emprego, e defendam o cumprimento dos seus direitos e a prestação equitativa de serviços.