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𝐄𝐌𝐏𝐎𝐃𝐄𝐑𝐀𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐄𝐂𝐎𝐍Ó𝐌𝐈𝐂𝐎 𝐃𝐀 𝐌𝐔𝐋𝐇𝐄𝐑 𝐃𝐄𝐒𝐋𝐎𝐂𝐀𝐃𝐀: MULHER DESLOCADA ABRE PADARIA CASEIRA POR VIA DE POUPANÇA E CRÉDITO ROTATIVO.

Nina Issa

Eventos climáticos associados ao conflito em Cabo Delgado geraram desastres humanitários traduzidos em centenas de milhares de famílias deslocadas para locais mais seguros de integração.

A província de Nampula é uma das que acolhe maior número de deslocados internos que fogem da insurgência em Cabo Delgado, na sua maioria mulheres e crianças, entendidas como um grupo altamente vulnerável.

Os deslocados internos contam que foram forçados, de forma inesperada, a abandonar as suas casas, zonas de origens e as suas fontes de renda, o que cria desafios na sobrevivência, sobretudo para as mulheres chefes de família, aumentando desta forma as vulnerabilidades associadas às questões de género.

Como forma de responder os desafios para inclusão socioeconómica de mulheres em situação de vulnerabilidade social por meio da geração de trabalho e renda, a Associação ActionAid Moçambique (AAMoz), e o seu parceiro Solidariedade Moçambique, estão a implementar a iniciativa de Poupança e Crédito Rotativo (PCR) no âmbito do projecto financiado pela Cooperação Belga para o Desenvolvimento.

A iniciativa está a contribuir para o empoderamento e integração socioeconómica dos deslocados, sobretudo de mulheres, como é o caso de Bina Issa um dos exemplos de mulheres que com empréstimo de PCR, viram as suas vidas a melhorar.

Natural do distrito de Palma, na província de Cabo Delgado, Bina Issa, de 35 anos, mãe de 5 filhos, reconhece que PCR é um instrumento de inclusão socioeconómica para mulheres deslocadas em situação de vulnerabilidade.

“O grupo de poupança possibilitou-me a desenvolver as minhas capacidades de poupar e fazer investimentos para geração de trabalho e renda o que contribui para a minha subsistência e autonomia”.

Bina, conta que antes de fazer parte do grupo de poupança, até tentou fazer pequenos negócios, mas não conseguia poupar e tinha dificuldades de gestão dos pequenos lucros, e muitas vezes teve que usar todo o dinheiro para responder despesas pontuais como matricular os filhos

“Antes vendia arrufadas, mas o negócio não era rentável, e não conseguia responder as minhas necessidades básicas, como escola dos meus filhos”.

Mais do que adquirir a literacia financeira, Bina Issa, conta que a Iniciativa de Poupança e Crédito Rotativo foi uma oportunidade para ter acesso a crédito de forma acessível o que permitiu o arranque e expansão de três negócios.

“Foi o que me levou a fazer empréstimo para construir uma pequena padaria de padrão artesanal  onde, para além de mim, empreguei duas pessoas directamente e mais 10 no processo da venda. Com os lucros da venda de pão, abri mais dois negócios, uma banca de venda de produtos alimentares e um pequeno restaurante caseiro onde vendo refeições, por isso que digo que a minha vida mudou graças a PCR”, disse a beneficiária da iniciativa de Poupança e Crédito Rotativo.

A beneficiária conta que, diferentemente do passado, agora consegue custear as despesas escolares dos filhos (matrícula e material escolar) e ainda apoia nas despesas da casa.

Bina Issa, continua a poupar e diz que tem vindo a aumentar o volume da sua poupança porque sonha em expandir cada vez mais os seus negócios.

“Estou feliz porque a minha vida mudou. Uma coisa boa que aconteceu é que também tenho o meu marido como membro do grupo de poupança e, isso ajuda-nos na planificação e investimento familiar. Pretendo abrir mais negócios, e já identifiquei novos lugares estratégicos para os mesmos negócios que já faço, mas também estou a poupar para investir em novos negócios”.

Tal como Bina Issa, várias mulheres deslocadas iniciaram actividades de geração de renda por via da iniciativa de Poupança e Crédito Rotativo.

A inclusão socioeconómica da mulher deslocada em situação de vulnerabilidade social por meio da geração de trabalho e renda, para além de garantir a auto-sustentabilidade, o empoderamento económico da mulher deslocada diminui os riscos de Violência Baseada no Género, associados as vulnerabilidades, tendo em conta que algumas delas perderam maridos, filhos e tudo o que tinham nas zonas de origem, e hoje lutam para se reerguer.

Através da iniciativa, a AAMoz, SoldMoz e a Cooperação Belga para o Desenvolvimento estão a contribuir na melhoria da auto-suficiência e meios de subsistência, sobretudo, das mulheres e jovens internamente deslocados, bem como das comunidades acolhedoras nas províncias de Nampula, Niassa e Cabo Delgado.