MULHERES DO ESPAÇO SEGURO DE MUTXORA MUNIDAS DE CONHECIMENTOS SOBRE VIOLÊNCIA BASEADA NO GÉNERO
As mulheres que integram o Espaço Seguro de Muxtora, município de Cuamba, província de Niassa, estão melhores preparadas para a resposta a Violência Baseada no Género (VBG) mercê de uma capacitação realizada naquele ponto do país, liderada pela Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) com apoio financeiro da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
Esta constatação foi feita à margem de uma visita de monitoria conjunta levada a cabo pela AAMoz, ACNUR e pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).
As mulheres do grupo do Espaço Seguro de Mutxora, apresentaram os conhecimentos adquiridos durante o treinamento sobre VBG aos convidados e mostraram-se prontas para disseminarem toda a informação sobre a matéria na comunidade.
A AAMoz capacitou ao todo um total de 35 mulheres deslocadas dos ataques terroristas de Cabo Delgado nos Espaços Seguros. Destas, cinco foram seleccionadas para serem pontos focais do grupo. Este exercício contou com o apoio da liderança comunitária.
Nubaiva Adine, deslocada da província de Cabo Delgado, conta que aprendeu sobre os diferentes tipos de violência, entre elas, “física, doméstica, sexual, psicológica e financeira”. Neste momento, mostra-se capaz e confiante para disseminar mensagens sobre a VBG em Mutxora. Esta não escondeu a sua satisfação pelo facto de fazer parte das cinco mulheres seleccionadas, tendo agradecido a AAMoz por esta oportunidade de treinamento.
Chamu Chiabo, também deslocada de Cabo Delgado, explicou que teve a oportunidade de aprender “os conceitos de igualdade de género e equidade de género” e como reportar casos de violência. Segundo ela, “estamos perante um caso de violência quando um homem, força uma relação sexual sem o consentimento da mulher”, exemplificou.
Por seu turno, o delegado do INGD em Niassa, Frayd Taybo, louvou a iniciativa da AAMoz e pediu a integração de temas sobre gestão de risco de desastres e aviso prévio nos treinamentos dos espaços seguros.
Taybo sustenta este pedido, com o facto de que, no presente ano, durante a época chuvosa, previsões indicarem chuva acima do normal, num cenário em que 64.2% da população de Cuamba vive em risco, um número que poderá chegar aos 78%.
Já a Directora de Programas da ActionAid, Márcia Cossa, mostrou-se preocupada pelo facto do grupo de mulheres do Espaço Seguro ser formado apenas por deslocadas. Defende que as famílias anfitriãs, também podem fazer parte do grupo, o que no seu entender, vai contribuir para a integração destas mulheres e reduzir casos de discriminação na comunidade.
Importa referir que, esta iniciativa financiada pela ACNUR, faz parte do projecto “protecção de deslocados internos e comunidades anfitriãs” e está a ser implementado nas províncias de Niassa, Nampula e Zambézia.