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AGROECOLOGIA: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL PARA AGRICULTORES DA MANHIÇA - CONHEÇA A HISTÓRIA DA ALMERINDA

Manhica

Os desastres naturais estão a comprometer as vidas e os meios de subsistência de milhões de pessoas em Moçambique e no mundo. Os combustíveis fósseis e a agricultura industrial estão a alimentar a destruição do nosso planeta, aumentando as emissões de carbono e levando o aquecimento do nosso mundo ao limite.

Há uma necessidade urgente de ampliar as alternativas sustentáveis ​​existentes, como a agroecologia, e de nos afastarmos da agricultura industrial, se quisermos parar a espiral das temperaturas.

A agroecologia é uma forma de cultivar e gerir culturas, pecuária, florestas e pescas que é viável, duradoura, resiliente às alterações climáticas e oferece vários outros benefícios ambientais, sociais e culturais.

A agricultura sustentável ou agricultura ecológica pode ser vista como um guarda-chuva que abrange diversas formas de fazer agricultura sustentável, como permacultura, agricultura orgânica, agricultura biodinâmica e agroecologia.

As abordagens agroecológicas são o meio mais eficaz de adaptação às alterações climáticas. Ao melhorar a saúde, a estrutura e a nutrição do solo através da utilização de composto, estrume, cobertura morta ou adubos verdes, reduzem a erosão, melhoram a saúde das plantas e aumentam a capacidade do solo para absorver e reter água em tempos de seca e de cheias.

Leia a história da Almerinda, uma mulher que se dedica à agricultura ecológica no distrito da Manhiça.

Almerinda Francisco tem 52 anos de idade e vive na localidade de Taninga, no posto administrativo de 3 de Fevereiro. É uma mulher corajosa e dedicada, que criou quatro filhos através da agricultura.

Almerinda é membro da Associação 25 de Junho, da qual fazem parte outras 87 camponesas. Juntas, elas trabalham arduamente em suas terras para cultivar diversos tipos de hortaliças, como cebola, alface, pimenta, cenoura, couve, entre outros. No entanto, nem sempre foi fácil para elas produzir alimentos suficientes para sustentar as suas famílias.

“Toda a vida dediquei-me a agricultura. No entanto, não tinha técnicas para produzir. E, a produção era muita fraca”.

Antes, Almerinda e as suas colegas enfrentavam dificuldades devido à falta de sementes e técnicas agrícolas adequadas. Mas tudo começou a mudar quando receberam ajuda da Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) e do Núcleo Académico para o Desenvolvimento da Comunidade (NADEC), que forneceram um tractor para lavoura, sementes, motobombas e técnicas de sementeira.

“Os insumos agrícolas que nos deram ajudou muito. A capacitação que tivemos sobre técnicas de plantio e sementeira foram cruciais. Mudou toda a abordagem que tínhamos”.

Esses recursos permitiram que elas aumentassem significativamente a sua produção e produtividade.

Outro desafio que Almerinda outras mulheres enfrentavam era o uso de produtos químicos prejudiciais ao solo, que também faziam com que os seus produtos se estragassem rapidamente. No entanto, elas agora adoptam a agroecologia, uma abordagem amigável ao ambiente, que torna os seus produtos mais competitivos em relação aos importados da África do Sul e de outros lugares.

“Com ajuda dos facilitadores, aprendemos a importância da cobertura morta. Não precisamos de adubos, com vegetação fazemos estrume e as plantas crescem muito bem. Aprendemos as técnicas da sementeira em linha e a separação entre as plantas”.

Em Fevereiro deste ano, a localidade de Taninga enfrentou inundações que trouxeram grandes prejuízos para Almerinda e as suas colegas. Elas perderam tudo o que haviam produzido e passaram por um período difícil, com escassez de alimentos. No entanto, a ActionAid Moçambique veio no seu auxílio, fornecendo insumos agrícolas para elas poderem recomeçar a produção. Hoje, graças a esse apoio, elas já estão colhendo os frutos dessa recuperação.

Apesar da produção actual, Almerinda e as outras camponesas continuam receosas quanto às próximas chuvas, pois temem novas inundações na região baixa onde produzem.

“Onde produzimos tem um rio e a zona é muito fértil para agricultura o que ajuda no processo de produção e produtividade, mas na época chuvosa perdemos tudo. Agora estamos a pensar em tirar os produtos mais cedo, antes da época chuvosa”.

Almerinda vende parte da colheita e outra parte serve para alimentação e, com o dinheiro adquirido, compra comida para a sua família e material escolar para os seus filhos. Ela expressa a sua gratidão à ActionAid pelo apoio recebido e deseja que a organização continue auxiliando-as, inclusive procurando criar um mercado para a venda dos seus produtos.

A história de Almerinda e das suas colegas é um exemplo inspirador de empoderamento feminino e superação das dificuldades por meio da agricultura sustentável.

Com o apoio adequado, elas foram capazes de transformar as suas vidas e garantir um futuro melhor para as suas famílias e comunidade.

Esta actividade surge no âmbito do projecto “Gestão de Recursos Naturais II”, implementado pela ActionAid Moçambique e NADEC.