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𝐄𝐌𝐏𝐎𝐃𝐄𝐑𝐀𝐑 É 𝐏𝐑𝐄𝐕𝐄𝐍𝐈𝐑: 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐒𝐀𝐋𝐈𝐌𝐀 𝐕𝐄𝐍𝐂𝐄𝐔 𝐀 𝐕𝐔𝐋𝐍𝐄𝐑𝐀𝐁𝐈𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐌 𝐏𝐎𝐔𝐏𝐀𝐍Ç𝐀 𝐄 𝐂𝐎𝐑𝐀𝐆𝐄𝐌

𝐄𝐌𝐏𝐎𝐃𝐄𝐑𝐀𝐑 É 𝐏𝐑𝐄𝐕𝐄𝐍𝐈𝐑: 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐒𝐀𝐋𝐈𝐌𝐀 𝐕𝐄𝐍𝐂𝐄𝐔 𝐀 𝐕𝐔𝐋𝐍𝐄𝐑𝐀𝐁𝐈𝐋𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐌 𝐏𝐎𝐔𝐏𝐀𝐍Ç𝐀 𝐄 𝐂𝐎𝐑𝐀𝐆𝐄𝐌

Prevenção do Extremismo Violento

Salima Bacar, uma jovem de 27 anos, deslocada do distrito de Quissanga devido aos conflitos provocados por grupos armados não estatais, vive actualmente na comunidade de Paquitequete, no distrito de Pemba. Filha mais velha de uma família com dificuldades económicas, assumiu a responsabilidade de cuidar dos dois irmãos mais novos (uma rapariga e um rapaz), especialmente após ter sido forçada a abandonar o trabalho que realizava em quintais, como empregada doméstica, para cuidar da mãe doente, que acabaria por falecer. Apesar de ter concluído a 12ª classe, Salima não teve acesso a oportunidades de emprego ou formação profissional.

“Nós praticamente éramos dependentes até para comer".

Sem perspectivas e forçada a realizar trabalhos domésticos para sobreviver, enfrentava o peso das responsabilidades familiares e o risco constante de ver a sua irmã mais nova, de apenas 14 anos, cair numa união prematura uma prática comum na comunidade devido à pobreza extrema.

Em 2023, Salima foi identificada por outras mulheres da comunidade como uma das jovens em situação mais vulnerável e convidada a integrar o grupo de PCR, no âmbito do Projecto de PVE, implementado pelo Conselho Cristão de Moçambique, Delegação de Pemba (CCM-CD), no quadro de um consórcio liderado pela Associação ActionAid Moçambique (AAMoz), em parceria com a ASSANA, Fundação NUNISA e Associação Kuendeleya, com o apoio do Fundo Global de Engajamento e Resiliência da Comunidade (GCERF) e em coordenação com a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN).

“Participei em sessões de alfabetização financeira e sobre paz, prevenção do extremismo violento, direitos das mulheres e das raparigas, e saúde sexual e reprodutiva. Essas sessões ajudaram-me a compreender melhor os riscos sociais e económicos que afectam a vida de mulheres jovens como eu", disse Salima.

Hoje, Salima é uma mulher transformada. Com o primeiro crédito de 2.000 MZN conseguido no grupo de poupança (com juros de 10%), iniciou uma banca de venda de produtos alimentares em casa. O negócio expandiu rapidamente, permitindo-lhe passar de pequenas compras em quilos, para aquisições um pouco maiores. Gera actualmente cerca de 5.000 MZN mensais, sustenta a família, apoia os estudos da irmã e planeia expandir o negócio para venda de peixe seco, com um novo empréstimo de 10.000 MZN.

Salima é hoje um exemplo de resiliência e inspiração para outras mulheres da sua comunidade.

“Agora sou eu quem toma decisões sobre o meu futuro. Mesmo que consiga um emprego formal, não vou abandonar o meu negócio nem deixar de poupar, é aqui que está a minha verdadeira independência", disse Salima, com confiança e autoestima renovadas.

A participação de Salima no projecto resultou num impacto directo e mensurável na sua vida e da sua família. Actualmente, gera um rendimento mensal de cerca de 5.000 meticais, o que lhe permite não só contribuir para as despesas domésticas, mas também apoiar a continuidade escolar da sua irmã mais nova, protegendo-a do risco de uma união prematura. 

Através da sua participação activa no grupo de poupança comunitária, teve acesso a crédito solidário e desenvolveu competências essenciais em gestão financeira. Este processo contribuiu para o seu empoderamento pessoal e social, traduzido numa maior autoestima, capacidade de tomar decisões e actuação como líder informal na comunidade. 

Hoje, Salima é reconhecida como um modelo de superação por outras mulheres da comunidade.

A sua história ilustra de forma clara que intervenções com enfoque na capacitação económica, na organização comunitária e no desenvolvimento pessoal podem alterar radicalmente trajectórias de vida em contextos de elevado risco. 

Em comunidades como Paquitequete, um dos bairros que acolhem pessoas deslocadas provenientes de distritos afectados pelo conflito armado, deslocações forçadas e pobreza extrema, o acesso à formação adequada, espaços seguros, como os grupos de poupança, e o fortalecimento das relações entre mulheres deslocadas e membros das comunidades de acolhimento demonstram ser estratégias eficazes para promover a coesão social e reduzir a vulnerabilidade ao extremismo violento.

A história de Salima é prova de que investir em mulheres é investir na reconstrução de comunidades resilientes e pacíficas.

Esta acção integra-se no âmbito do Projecto "Prevenção do Extremismo Violento", implementado pela ActionAid, em consórcio com a CCM-Cabo Delgado, ASSANA, Fundação Nunisa e Associação Kuendeleya, em parceria com a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) e com o apoio do Fundo Global de Engajamento e Resiliência da Comunidade (GCERF).