𝐂𝐈𝐂𝐋𝐎𝐍𝐄 "𝐅𝐑𝐄𝐃𝐃𝐘" 𝐏𝐑𝐎𝐕𝐎𝐂𝐎𝐔 𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐃𝐄 𝟐 𝐌𝐈𝐋 𝐑𝐄𝐅𝐔𝐆𝐈𝐀𝐃𝐎𝐒 𝐀𝐌𝐁𝐈𝐄𝐍𝐓𝐀𝐈𝐒 𝐕𝐈𝐍𝐃𝐎𝐒 𝐃𝐄 𝐌𝐀𝐋𝐀𝐖𝐈, 𝐑𝐄𝐀𝐒𝐒𝐄𝐍𝐓𝐀𝐃𝐎𝐒 𝐍𝐎 𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐈𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐌𝐄𝐂𝐀𝐍𝐇𝐄𝐋𝐀𝐒 𝐄𝐌 𝐍𝐈𝐀𝐒𝐒𝐀
Trata-se de refugiados ambientais, que se deslocaram de Malawi para Moçambique devido à passagem do ciclone tropical “Freddy” que provocou inundações, ventos fortes, deslizamentos de terra e vítimas mortais.
Os refugiados de Malawi, que viviam nas proximidades da fronteira entre os dois países, dizem que com a passagem do ciclone Freddy 2, as suas casas ficaram inundadas e decidiram passar para o lado de Moçambique (entre os dias 13 a 16 de Março de 2023).
Segundo os dados colhidos (no dia 28 de Abril) pelas equipas da Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) e do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), só no povoado de Malaia (que dista a 10km da localidade de Chissawa) estão acolhidas um total de 497 famílias, correspondente a 2341 pessoas, dentre elas, 1239 crianças e 1102 adultos, dos adultos 524 homens, 578 mulheres e 63 idosos, sendo 21 mulheres e 42 homens.
A maioria dos refugiados gostaria de permanecer em Moçambique, alegando boas condições sociais e naturais, e temem que ao voltar a Malawi, não tenham a mesma sorte de escapar em casos de futuros ciclones.
Actualmente, muitos se dedicam a pesca, a sua principal fonte de renda, contudo, clamam por recursos (terras) para o desenvolvimento de outros meios de subsistência sustentáveis.
Os refugiados contam que tiveram assistência do INGD em produtos alimentares como: farinha, arroz, feijão e óleo, de referir que ainda durante as acções de levantamento das necessidades, o INGD voltou a apoiar (no dia 28 de abril) os refugiados em produtos alimentares (arroz, farinha, feijão, óleo, açucar e sal). Depois de duas semanas o governo malawiano também ajudou em produtos como: farinha, arroz e óleo.
Os refugiados vítimas do ciclone “Freddy” dizem estarem preocupados pelo facto de não possuírem nenhuma documentação, visto que perderam quase tudo (casas, machambas, criação), incluíndo documentos, o que cria limitação e medo na circulação.
Partilhando as suas necessidades com os técnicos da ActionAid e do INGD, os deslocados também partilharam a necessidade de apoio psicossocial, visto que, após terem perdido tudo devido à passagem do ciclone “Freddy”, encontrar-se numa situação de refugiados, afecta a estabilidade psicossocial e pedem algum acompanhamento para superar o trauma. Também há uma necessidade de assistência médica-medicamentosa, visto que há refugiados com doenças crónicas, sobretudo mulheres chefes de família, que deixaram de ter acesso aos medicamentos.
Após a visita de monitoria no povoado de Malaia onde se encontram os refugiados do Malawi a equipa visitou o centro de acomodação da vila sede do distrito de Mecanhelas, onde fez um rápido levantamento de necessidades.
O centro de acomodação conta com 16 famílias vítimas do ciclone "Freddy", vivendo em 8 tendas e 8 famílias em 2 salas de aula, as necessidades das famílias vão desde a alimentação, produtos de higiene pessoal e colectiva, cobertores, material escolar para as crianças, e atribuição de terrenos para a construção de casas, machambas e sementes, bem como a necessidade de literacia financeira para introdução e desenvolvimento de iniciativas de pequenos negócios.
O levantamento das necessidades enquadra-se na monitoria de protecção aos afectados pelo ciclone “Freddy-2”, com destaque para os refugiados vindos de Malawi. A acção realizada pela AAMoz e pelo INGD, acontece no âmbito do projecto de Protecção financiado pelo ACNUR, que visa reforçar a protecção de mulheres, raparigas e crianças por meio de acções de aconselhamento, assistência em questões de Apoio Psicossocial, Violência Baseada no Género, encaminhamento de casos para os serviços apropriados e gestão de casos de desastres naturais.