ACTIONAID VISITA CENTRO DE ACOMODAÇÃO “3 DE FEVEREIRO” NA MANHIÇA
Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) visitou esta quinta-feira, (02/03) o centro de acomodação temporária instalado na Escola Secundária 3 de Fevereiro, no distrito da Manhiça, província de Maputo, que acolhe um total de 511 pessoas vítimas das cheias.
Trata-se de uma visita que tinha como objectivo aferir o nível de necessidades das famílias acolhidas nos centros transitórios e traçar estratégias para apoiá-las.
A AAMoz fez-se apresentar nesta visita, pela Directora de Programas, Márcia Cossa e pela responsável do Shea e segurança, Lurdes Jamal. A visita contou ainda com a presença dos membros do Núcleo Académico para o Desenvolvimento da Comunidade (NADEC), parceiro de implementação da AAMoz.
No local, a equipa começou por interagir com a responsável do centro, que fez uma breve apresentação, citando os números de pessoas acolhidas, constrangimentos e desafios.
A comitiva visitou as salas de aula, improvisadas de quartos, ocupadas por mulheres e de seguida os quartos ocupados pelos homens. Durante a visita, conversaram com as vítimas e deixaram mensagens para que abandonem as zonas de risco e se instalem em zonas altas.
Luísa Bernardo, de 31 anos e mãe de dois filhos, relata que a sua casa, localizada na zona de Buna, arredores de 3 de Fevereiro, ficou totalmente alagada e teve que ser acolhida no centro transitório.
“Estou aqui há sensivelmente três semanas. Temos vários desafios mas pedimos neste momento kits de higiene e material escolar para as nossas crianças”, disse.
Já Gerson Mário de 35 anos de idade, está no centro há duas semanas, juntamente com a sua mulher e três filhos, conta que perdeu a sua casa e não sabe o que fazer. Pede terra e apoio para poder construir sua casa.
“Hoje quando olho para minha casa, só me saem lágrimas. Perdi tudo que conquistei. Aqui não tenho família para me ajudar, uma vez que venho da Zambézia. Gostaria de pedir apoio para construir uma nova casa e material escolar para os meus filhos”, frisou.
Dados em nosso poder, indicam que nos quatro centros instalados, existem 303 famílias, correspondentes a 1.172 pessoas, das quais 709 crianças, 305 mulheres, 158 homens, 24 idosos e 3 pessoas com deficiência.
A comitiva visitou ainda a localidade de Taninga que também não escapou com fúria das águas. Aliás, naquela localidade, existem áreas de cultivo pertencentes a cinco associações de camponeses. Segundo apuramos, essas áreas ficaram completamente submersas na sequência da subida do caudal do rio Chuenca, trazendo enormes prejuízos para os camponeses.
José Macie é presidente da Associação Francisco Manyanga, conta que com as inundações, perderam quase tudo e agora estão com a calculadora na mão a somar prejuízos.
Macie, lidera uma equipa composta por 30 camponeses, que acredita que a sua machamba “pode ter algo para recuperar” uma vez que nas cheias de 2003, que foram mais violentas, parte da cultura foi aproveitada.
Sugere, no entanto, a alocação de uma embarcação para poder aproximar a área de produção para “verificar se realmente é possível aproveitar algo”.
Importa referir que mais de 34 mil pessoas estão afectadas pelas cheias no distrito da Manhiça, na sua maioria nos postos administrativos Jozina Machel, Calanga, Xinavane e 3 de Fevereiro.