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CRISE CLIMÁTICA: RESILIÊNCIA DE FANITA E A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA EM SOMBE

Bombas

"É uma nova esperança para nós. Com o apoio da AAMoz melhoramos a nossa produção e aprendemos sobre como lidar com as mudanças climáticas, que tanto afectam-nos".

A agricultura em Moçambique enfrenta desafios profundos, exacerbados pelas mudanças climáticas e fenómenos naturais extremos, como o El Niño. Estatísticas recentes mostram que mais de 70% da população depende da agricultura de subsistência, o que torna o impacto das mudanças climáticas numa ameaça à segurança alimentar.

A falta de infraestruturas de irrigação, acesso limitado a tecnologias modernas e pouca diversificação de culturas, deixam os agricultores vulneráveis às condições climáticas imprevisíveis.

Além disso, o uso de técnicas agrícolas tradicionais, muitas vezes ineficientes, agrava a situação, o que torna o trabalho mais árduo e os rendimentos mais baixos. O resultado é uma luta constante para garantir colheitas suficientes, alimentar famílias e gerar renda.

Para dar resposta a estes desafios, a Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) está a promover iniciativas resilientes ao clima, através do projecto “Gestão Integrada de Riscos Climáticos (ICRM), no distrito de Caia, província de Sofala. A AAMoz e o Programa Mundial de Alimentação (PMA) esperam que através desta iniciativa haja redução de perdas agrícolas, segurança alimentar e meios de subsistência.

Chapter 1: Caminhada até a comunidade de Sombe

A caminhada até a remota comunidade de Sombe, é uma aventura à parte. Depois de uma viagem de uma hora e meia em terra batida, chegamos à margem do rio Zánguà. A travessia só é possível numa canoa artesanal conduzida por Madalena Bernardo, uma moradora local. O caminho é desafiador e, por vezes, assustador, mas a recompensa está do outro lado da margem: uma comunidade de agricultores motivados em produzir, mesmo diante de enúmeras incertezas e desafios.

Chapter 2: Fanita Félix um exemplo de resiliência

No coração da comunidade de Sombe, com um total de 100 beneficiários, encontramos Fanita Félix, uma agricultora resiliente que enfrenta os desafios das mudanças climáticas e os impactos do fenómeno El Niño.

Fanita lembra os tempos difíceis antes do apoio do projecto ICRM, quando trabalhava incansavelmente, sem ferramentas adequadas, o que dificultava o seu sustento.

“Era um sofrimento. Usava regadores manuais e passava horas a tentar irrigar a machamba, mas a terra secava rápido. A produção era pouca e os dias longos”, conta Fanita.

Com o apoio da AAMoz, o projecto ICRM em Caia, tem mudado essa realidade, através da introdução de bombas de irrigação manuais e treinamentos em técnicas de cultivo resistentes às mudanças climáticas.

“A transformação na minha vida é visível. Aprendi muito no campo de demonstração de resultados (CDR). Agora, com a bomba manual, tenho mais motivos para sorrir, posso irrigar a minha horta de 50x50 metros quadrados, em muito menos tempo. É uma alegria poder ver a terra fértil novamente e ter produtos suficientes para alimentar a minha família e vender no mercado de Murraça”, explicou.

Para Fanita, o projecto representa muito mais do que ferramentas agrícolas.

“É uma nova esperança para nós. Com o apoio da AAMoz melhoramos a nossa produção e aprendemos sobre como lidar com as mudanças climáticas, que tanto afectam-nos. Queremos agradecer por esta iniciativa que veio ajudar-nos muito”, disse, emocionada.

Chapter 3: Funcionamento da bomba manual e as suas vantagens

Na sua machamba, Fanita explica-nos detalhadamente como é feito o processo de montagem da bomba manual.

“A montagem da bomba manual de irrigação começa com a instalação da base, onde fixamos a estrutura principal da bomba. Depois disso, conectamos o tubo de sucção, que é colocado no rio. A bomba manual é operada com um sistema que permite puxar a água através dos tubos e levá-la até ao regadio. Após montada, é necessário bombear manualmente para puxar a água. Bombeamos várias vezes para criar pressão e fazer a água subir pelos tubos. Quanto mais fizermos esse exercício, mais água é liberada para o regadio. O sistema é bem simples e eficiente, e evita que tenhamos que carregar baldes ou usar regadores. Agora, basta bombear a água, em pouco tempo chega às plantas, o que facilita muito o nosso trabalho”, explicou.

A história de Fanita Félix é reflexo do impacto positivo que projectos como o ICRM podem ter nas comunidades vulneráveis, especialmente em tempos de crise climática.

Importa salientar que o projecto ICRM é implementado pela AAMoz, com financiamento da Agência de Cooperação Internacional da Coreia (KOICA) em parceria com o Programa Mundial de Alimentação (PMA).