“Agora sabemos que temos direitos e que ninguém pode impedir-nos de estudar”

Grace Fernando e Linda Sambo, ambas de 12 anos, vivem no Posto Administrativo de 3 de Fevereiro, distrito da Manhiça, província de Maputo, são participantes activas do Clube da Rapariga, criado no âmbito do projecto Educar por El@s. Antes, as duas frequentavam apenas à escola formal, mas não tinham acesso a espaços onde pudessem aprender sobre os seus direitos, saúde sexual e reprodutiva ou igualdade de género. Nas suas comunidades, muitas raparigas enfrentam uniões prematuras e gravidezes precoces, em grande parte por falta de informação e apoio.
Com duas sessões semanais no clube, passaram a ter ferramentas para identificar e denunciar casos de violência, aprender sobre o seu corpo e fortalecer a determinação de continuar os estudos. O projecto, financiado pelo governo da Irlanda e implementado pela Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) em parceria com o Núcleo Académico para o Desenvolvimento da comunidade (NADEC), já alcançou mais de 180 raparigas e rapazes na região, o que reforçou as redes de solidariedade e reduziu o isolamento.
O projecto tem como público-alvo, raparigas entre os 10 e 19 anos, rapazes parceiros das raparigas dos Espaços Seguros, líderes comunitários e membros do Conselho de Escola.
Informação sobre o projecto:
O projecto Educar por Elas – oficialmente designado Desafiando a Violência Baseada no Género na Educação de Raparigas e Mulheres Jovens do Posto Administrativo de 3 de Fevereiro no distrito da Manhiça – tem como objectivo principal prevenir e responder a casos de violência baseada no género (VBG), uniões prematuras e gravidez precoce.
A iniciativa aposta na criação de Clubes da Rapariga e Espaços Seguros dentro e fora da escola, onde as participantes recebem informação sobre direitos, igualdade de género, saúde sexual e reprodutiva, mecanismos de denúncia e valorização da educação.
As sessões são conduzidas por mentoras comunitárias treinadas, que utilizam metodologias participativas para promover reflexão crítica e mudança de comportamento. Ao mesmo tempo, líderes comunitários e membros de Conselhos de Escola recebem capacitação para tornarem-se aliados na protecção das raparigas.
Grace Fernando, 12 anos
“Aprendemos as noções de uniões prematuras, gravidez precoce, género, igualdade e equidade de género, e como denunciar casos de violência”
“Antes não tínhamos este tipo de oportunidade. Agora, duas vezes por semana, vamos ao clube e aprendemos coisas que podem mudar a nossa vida”
“Na minha comunidade, tem raparigas que ficaram grávidas muito cedo por falta de conhecimento”
Linda Sambo, 12 anos
“No clube aprendemos que devemos continuar a estudar e a conhecer o nosso corpo”,“Agora sabemos que temos direitos e que ninguém pode impedir-nos de estudar”
“Não devemos nos distrair por nada. O nosso dever é estudar para sermos alguém na vida”
“Quero agradecer à ActionAid e o NADEC por terem criado este espaço para podermos aprender”