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𝐌𝐨𝐯𝐢𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨 𝐀𝐜𝐭𝐢𝐯𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐑𝐞𝐟𝐨𝐫ç𝐚 𝐒𝐚ú𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐧𝐭𝐚𝐥 𝐞𝐦 𝐂𝐚𝐛𝐨 𝐃𝐞𝐥𝐠𝐚𝐝𝐨 com Sessões Psicossociais para Sobreviventes do Conflito

Prevenção do Extremismo Violento

Prevenção do Extremismo Violento

Mais de 80 pessoas dos bairros de Paquitequete e Ingonane, na cidade de Pemba, beneficiaram recentemente de uma sessão de apoio psicossocial, promovida pelo Movimento Activista Moçambique (MAM), Conselho Cristão de Moçambique (CCM) e ActionAid Moçambique (AAMoz). 

A iniciativa insere-se no âmbito do Projecto de Prevenção do Extremismo Violento (PVE) e representa um passo concreto na promoção da saúde mental e da coesão social em comunidades profundamente afectadas pela violência armada em Cabo Delgado.

Para muitas das pessoas presentes, o encontro foi mais que uma palestra foi um momento de escuta, partilha e cura emocional. Entre elas, Angelina Carlos, de 20 anos, deslocada de Macomia e actualmente residente em Ingonane, partilhou que: “Após perder a minha mãe por causa do conflito armado, sentia-me muito triste. Com este apoio, agora sinto-me feliz e grata. Percebi que não estou sozinha.”

A crise humanitária que assola Cabo Delgado desde 2017 tem deixado marcas profundas e, muitas vezes, invisíveis. Em Paquitequete, ponto habitual de chegada de deslocados internos por via marítima, regista-se uma crescente sobrecarga habitacional, com famílias a viverem em condições de superlotação. Desde agosto, continuam a chegar novas famílias, agravando a pressão sobre os já escassos recursos locais e intensificando o sofrimento emocional sobretudo entre mulheres, raparigas e jovens, que enfrentam traumas, perdas e incertezas quanto ao futuro.

Ingonane, outro bairro de acolhimento em Pemba, vive realidade semelhante. A prolongada exposição ao conflito armado, combinada com o deslocamento forçado, gerou uma crise silenciosa de saúde mental que, apesar de menos visível, exige uma resposta urgente e coordenada. O apoio psicossocial surge, assim, como uma ferramenta vital para restaurar a dignidade humana, promover a recuperação emocional e reforçar os laços comunitários.

Durante a sessão, os participantes foram capacitados para identificar sinais de sofrimento emocional, reconhecer factores de risco e desenvolver competências para prestar apoio psicossocial dentro das suas comunidades. Foram ainda incentivados a refletir sobre estratégias de apoio entre pares, escuta activa e valorização das emoções, em particular junto de jovens deslocados e mulheres que enfrentam múltiplas vulnerabilidades.

O líder comunitário Salina Injala, de 56 anos, residente em Ingonane, destacou a importância do evento para o fortalecimento do tecido social local. “Estou muito feliz. Peço que venham mais vezes com programas como este. Apoio não é só dar comida é também ensinar a cuidar do bem-estar do outro”, afirmou.

A iniciativa integra o Projetco de Prevenção do Extremismo Violento, implementado em Cabo Delgado, Niassa e Nampula pela ActionAid Moçambique, em consórcio com a Associação ASSANA, o Conselho Cristão de Moçambique (CCM – Cabo Delgado e Niassa), a Fundação NUNISA e a Associação Kuendeleya, em parceria com a Agência de Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN) e com o apoio do Fundo Global de Engajamento e Resiliência da Comunidade (GCERF).

Através destas acções, o projecto está a contribuir para a construção de comunidades mais resilientes, informadas e solidárias, capazes de enfrentar não apenas os efeitos do