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DO TRAUMA À TRANSFORMAÇÃO: COMO A PROTECÇÃO À CRIANÇA ESTÁ A TRANSFORMAR VIDAS EM NAMPULA?

Protecção à Criança

Protecção à Criança

Numa zona costeira do distrito da Ilha de Moçambique, marcada pelas duras memórias deixadas pelos ciclones Dikeledi e, mais recentemente, Jude, parecia que à infância havia se calado. Mas hoje, os risos voltaram a ganhar espaço. 

Com o apoio do projecto de Protecção à Criança, implementado pela Associação ActionAid (AAMoz) com financiamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a esperança renasce. A infância está a ser reconstruída com carinho, cuidado e segurança, devolvendo às crianças a alegria de brincar, aprender e sonhar.

Ana Momede Sulemane, 27 anos, é mãe de dois meninos de 7 e 8 anos. Trabalha como doméstica e recorda com dor o dia em que o ciclone Jude destruiu a sua casa. “Perdi tudo... tudo mesmo”, diz. "Os materiais escolares dos meus filhos molharam com água. Só consegui salvar os nossos documentos de identificação".

Antes da tragédia, os meninos corriam e brincavam nas ruas da comunidade. 

“Mesmo sem muitos brinquedos, havia liberdade, havia alegria. Mas depois dos ciclones, até os lugares onde brincavam desapareceram.” Os espaços recreativos ficaram alagados, as casas destruídas. As crianças, antes activas e sorridentes, tornaram-se silenciosas, isoladas.

Foi nesse contexto que o projecto de Protecção à Criança trouxe um novo alento. Com a criação dos Espaços Amigo da Criança, ambientes seguros e acolhedores começaram a dar novo sentido à infância na comunidade.

“Estou muito feliz com o projecto”, diz Ana, emocionada. “Vejo que os meus filhos voltaram a ter aquela alegria que tinham antes do ciclone. E o melhor é que, além de brincar, eles estão a aprender. Na escola, o meu filho aprendia só em Macua. Aqui, já fala português, cita as vogais e o abecedário. Já escreve melhor. Está mais vivo, mais confiante".

Os Espaços Amigo da Criança são mais que abrigos temporários. São lugares onde as crianças têm acesso a actividades lúdicas, apoio psicossocial e oportunidades de aprendizagem, uma rede de cuidado que garante os seus direitos mesmo em contextos de crise.

Para mães como Ana, o impacto é transformador. “Ver os meus filhos sorrirem de novo é o que me dá forças para seguir. O sofrimento não desapareceu, mas agora há esperança.”

A história de Ana é um retrato do poder que uma resposta humanitária centrada na criança pode ter. Em Jembesse e em várias outras localidades afectadas por desastres naturais, onde o projecto de Protecção à Criança está a desenvolver actividades para converter o trauma em transformação, devolvendo às crianças não só o direito de brincar, mas também o direito de recomeçar.