ESPAÇOS SEGUROS PROMOVEM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA EM TIPONHA
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Moçambique continua a enfrentar enormes desafios no que diz respeito aos direitos sexuais e reprodutivos. De acordo com dados recentes, cerca de 46% das raparigas engravidam antes dos 18 anos, e a taxa de casamentos prematuros ultrapassa os 50% em algumas regiões. Além disso, o acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva é limitado, especialmente em comunidades rurais, onde a informação e os métodos contraceptivos ainda são escassos.
Para fazer face a esta realidade, a Associação ActionAid Moçambique (AAMoz) está implementar sessões educativas nos espaços seguros, onde raparigas e mulheres jovens têm acesso a informações sobre saúde sexual e reprodutiva. Estas sessões abordam temas como planeamento familiar, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis e direitos das mulheres, o que tem contribuído para a redução das taxas de gravidez precoce e casamento infantil.
Na comunidade de Tiponha, distrito de Murrupula, encontramos Albertina Fernando, uma das integrantes do espaço seguro, que relatou sobre o aprendizado adquirido.
“Estou neste grupo e aprendemos muito sobre o planeamento familiar, direitos e saúde sexual reprodutiva. Isso tem me ajudado muito a entender como tomar melhores decisões para o meu futuro", sublinhou.
Já Adelina da Silva, também do mesmo espaço seguro, acredita que outras raparigas da sua comunidade, têm neste espaço, uma oportunidade de aprender sobre os seus direitos.
“O planeamento me faz bem. Muitas pessoas devem vir aprender aqui. As raparigas não podem engravidar cedo, por isso devem aproveitar esta oportunidade", apelou Adelina.
Por seu turno a facilitadora do espaço seguro de Tiponha, Florinda Alberto, explica que o grupo atende raparigas entre os 15 aos 17 e 18 e 24 anos e que muitas delas enfrentam desafios relacionados à gravidez precoce.
“Muitas raparigas engravidam cedo, e este projecto ajudou muito. Muitas delas agora estão a usar métodos contraceptivos para se protegerem e planearem melhor as suas vidas", disse.
Segundo Florinda, o impacto positivo do projecto também tem sido reconhecido pelos pais das raparigas, que mostram interesse em apoiar a iniciativa.
“Os pais estão a gostar muito e pedem alpendres nos espaços para que as sessões possam ser realizadas com mais conforto e segurança para as raparigas", referiu.
Estas sessões criam um ambiente de apoio e partilha entre as raparigas, que permitem que elas discutam abertamente sobre questões relacionadas à sua saúde e bem-estar.
Refira-se que este projecto financiado pela Global Affairs Canadá é implementado em consórcio pela Visão Mundial, ActionAid Moçambique e Rede HOPEM. O mesmo é implementado nos distritos de Nacarôa e Murrupula e pretende alcançar 25 000 raparigas e mulheres jovens, dos 10 aos 24 anos.