GOVERNADOR DE NAMPULA APELA AO APOIO PARA GARANTIR O REGRESSO SEGURO DOS DESLOCADOS ÀS ZONAS DE ORIGEM
O Governador da província de Nampula, Eduardo Abdula, reuniu-se esta terça-feira (03), no distrito de Nacarôa, com organizações da sociedade civil, empresários e autoridades locais, para discutir soluções urgentes para a crise humanitária que afecta mais de 80 mil deslocados concentrados em Alua, distrito de Eráti, após os ataques terroristas em Memba.
O encontro teve como foco principal encontrar melhores condições para que as famílias possam regressar às suas zonas de origem.
Ao dirigir-se às organizações presentes, o Governador Eduardo Abdula fez saber que a prioridade é apoiar os deslocados nos centros temporários e ajudar estas famílias a regressarem às suas aldeias e reconstruírem as suas vidas.
“As populações de Memba perderam tudo nas zonas de origem. Quando regressarem, vão precisar de alimentos, sementes, apoio psicossocial, sensiblização sobre violência baseada no género, protecção contra abusos de menores e outro tipo de apoio imediato para recomeçar. Por isso, apelamos às organizações para levarem a ajuda até às comunidades onde estas famílias viviam,” afirmou.
O Governador reforçou ainda que o regresso das famílias dependerá estritamente das condições de segurança e será realizado de forma organizada.
“Não queremos movimentos precipitados. Queremos um regresso seguro, voluntário e digno. Para isso, precisamos trabalhar juntos e preparar as condições no terreno,” acrescentou.
As organizações da sociedade civil, por sua vez, comprometeram-se a realizar, dentro das próximas 48 horas, um assessment rápido nas zonas de origem, para avaliar o nível de destruição, as necessidades prioritárias e a capacidade de absorção das famílias que pretendem regressar.
“É fundamental conhecer o estado das infraestruturas, dos caminhos, das fontes de água e avaliar os riscos para que a ajuda chegue de forma adequada e responsável”, indicaram os representantes.
A Associação ActionAid Moçambique (AAMoz), e parceiros, estão a reforçar a resposta com treinamentos para facilitadores, gestão de casos, distribuição de kits de higiene e acções de protecção.
Segundo dados recentes da IOM-DTM, pelo menos 82.691 pessoas (16.131 famílias) deslocaram-se para Eráti após uma nova vaga de ataques de grupos armados não-estatais em comunidades como Milipa, Mariri, Cava, Mazula, Naquite e Micane. No entanto, autoridades e atores humanitários admitem que o número real pode chegar a 95 mil pessoas, uma vez que muitos deslocados seguem para Monapo, Mossuril, Nacala, Cidade de Nampula e até para os distritos de Chiúre e Mecúfi.